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CACD 2019 | Mudou a banca: E AGORA?

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Minhas caras e meus caros,

O universo CACDista está em polvorosa desde a última madrugada, quando o Diário Oficial da União (D.O.U.) publicou o Extrato de Dispensa de Licitação indicando a mudança de banca organizadora e examinadora do tradicional Concurso de Acesso à Carreira Diplomática. Sem ceder ao pânico de primeiro momento, viemos aqui esclarecer o que se pode ou não esperar desta transição de uma prova elaborada pelo (amado e odiado) Cespe/UnB para uma prova do Instituto Americano de Desenvolvimento (IADES).

Reprodução DOU

Para começar, a nuvem de boatos sobre os motivos para essa mudança é volumosa. Alguns argumentam que a atual gestão do Ministério das Relações Exteriores busca uma prova mais alinhada com suas diretrizes; outros sugerem que as críticas constantes ao Cespe há muito justificavam recorrer a uma alternativa. De certo, certo mesmo, temos apenas a informação (disponível no Extrato de Dispensa de Licitação) de que o atual certame custará R$936.000,00 aos bolsos da União – o anterior, para efeito de comparação, custou R$1.830.057,00. Apesar de o concurso deste ano prever menos vagas (e, portanto, menor demanda de correção a partir da primeira fase, o que já reduziria custos), o ‘enxugamento’ de gastos se encaixa na retórica predominante da administração de Jair Bolsonaro. Se confiarmos no padrão histórico de lisura do concurso, a hipótese de substituição de banca seria, então, econômica.

A isenção do concurso público é em si outro pressuposto posto em xeque nas primeiras reações à entrada do IADES na organização do exame. Mesmo que a portaria publicada em 17 de junho indique que a seleção ocorrerá em duas fases, uma objetiva e outra discursiva, ambas na modalidade escrita, alguns veem com maus olhos a pouca experiência prévia da nova banca na realização de concursos nacionais de tal complexidade. É verdade também que o Cespe foi bem-sucedido em estabelecer uma ‘cultura’ em torno de seus certames – cultura tal que permitia aos professores prever com alguma segurança o que os alunos enfrentariam tanto em formato quanto em conteúdo.

Gera alguma preocupação ver uma banca ‘nova’, cuja tradição é organizar concursos locais e regionais, responsável pelo CACD? Sem dúvida alguma. Vale lembrar, porém, que o Cespe, sendo grande como é, também trouxe dificuldades aos candidatos nos últimos anos – quem lidou com salas de aulas inadequadas, falta de luz, cronogramas trocados e gabaritos absurdos que o diga! É ainda cedo, portanto, para presumir que a mudança de banca organizadora necessariamente ampliará os riscos de irregularidades em qualquer etapa. O misto de esperança e ceticismo, sabemos, é um dos sentimentos mais caros ao CACDista raiz.

Passemos então ao ponto mais importante: afinal, o que muda nas provas? Ainda é difícil saber. Comecemos pelo que temos de oficial. A portaria do dia 17 estabeleceu que a primeira fase do concurso (informalmente conhecida como ‘TPS’) continuará a ter caráter eliminatório e a ser constituída por questões objetivas de língua portuguesa, língua inglesa, história do Brasil, história mundial, política internacional, geografia, economia e direito/direito internacional público. A referência a questões objetivas pode significar, na prática (e de acordo com provas anteriores do IADES), uma opção exclusiva por questões de múltipla escolha ou questões no estilo C/E, mas também abranger um misto entre elas – como o próprio Cespe fazia no início desta década. Já sobre a segunda fase, agora englobando todas as provas discursivas, sabemos apenas que permanecem as provas escritas eliminatórias e classificatórias de língua portuguesa, língua inglesa, história do Brasil, geografia, política internacional, economia, direito/direito internacional público e língua francesa/língua espanhola. Não há mais informações sobre quantidade de exercícios, conteúdo programático ou mesmo nível de cobrança.

Com tanta incerteza, e sendo o concurso deste ano mais ‘compacto’ (por ter apenas em duas fases), gerou-se especulação em torno da redução do número de questões. As recentes mudanças de ventos no Ministério, por sua vez, preocupam por potencialmente exigirem uma adaptação em tempo recorde a novas exigências e a novos conhecimentos. A essas dúvidas iniciais, juntou-se a impressão de que o IADES não foi ainda exposto à realização de um exame com o grau de complexidade e exigência do CACD. É um risco? Sempre é. Mas não dá para ceder ao medo, porque não há precedentes ou informações sobre novas mudanças. O mais produtivo a fazer, portanto, é retomar o foco e se preparar, com a orientação dos professores, utilizando provas anteriores da instituição para outras carreiras públicas.

Nessa qualidade, merece destaque a atuação do IADES na organização do último concurso para analista de Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), agência com atuação ‘irmã’ à do MRE. A seleção cobrou provas objetivas e discursivas de língua portuguesa e língua inglesa que podem trazer dicas sobre o que virá adiante – no caso do inglês, as diferentes carreiras exigiram textos dissertativos simples. Também fica a dica valiosa de investigar as questões de outras disciplinas presentes no CACD, ao menos para entender como as questões têm sido formuladas. Deixar-se levar pelo pânico e pela especulação é uma péssima estratégia: tentem ver que mudanças também podem ser um copo cheio e uma oportunidade para explorar melhor suas capacidades.

Enquanto o edital não sai (e deve sair muito em breve!), o Barão e os professores de nossa equipe já estão diagnosticando as dicas e tendências dos concursos realizados pelo IADES. Tendo as informações finais sobre as provas, já teremos todas as condições para ajudar, como sempre, os candidatos precisando de um ‘empurrão’ nesta reta rumo ao concurso.

 

Texto especial dos professores:

 

Manoela Assayag – Professora de Língua Inglesa nos cursos da área de Diplomacia do Clio – Damásio. Doutora em Relações Internacionais e Ciência Política e Mestre em Estudos Internacionais e Ciência Política pelo Institut de Hautes Études Internationales et du Développement (IHEID) em Genebra.

 

Rodrigo Armstrong – Professor de Língua Inglesa nos cursos da área de Diplomacia do Clio – Damásio. Graduado em Relações Internacionais pela Tufts University (Estados Unidos) e Mestre em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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