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Baronesa do Mês: Michelle Gyles-McDonnough

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Baronesas e Barões,

Na data de ontem, 25 de julho, foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Esse marco foi estabelecido durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, realizado em Santo Domingo (República Dominicana), em 1992, e reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) ainda nesse ano. Na ocasião, também foi instituída a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. Tais acontecimentos surgiram da necessidade verificada pelas mulheres negras das Américas do Sul e Central de se organizarem à parte e provocarem reflexões críticas no âmbito dos movimentos negro e feminista, visto que ambos se reconheciam como compostos por identidades homogêneas até meados dos anos 1970 e, por isso, não contemplavam suas demandas específicas.

A celebração do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Afro-Caribenha é extremamente relevante por valorizar suas contribuições políticas, intelectuais, econômicas e socioculturais no processo histórico de seus países e do continente. Também foi graças à articulação das mulheres afro-latinas e caribenhas que os governos da região passaram a constituir acordos e políticas internas e internacionais que vêm permitindo avanços na participação das mulheres negras em espaços como a universidade pública, o mercado formal de trabalho, os veículos mídia e a política partidária.

No Brasil, o dia 25 de julho é duplamente importante: além da data internacional, também é celebrado por aqui o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Essa data foi instituída por meio da Lei nº 12.987/2014, sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff, e contribuiu para dar maior visibilidade a esse movimento de mulheres. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola e viveu durante o século XVIII no Mato Grosso. Com a morte de seu companheiro, ela se tornou a rainha do quilombo Quariterê, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído e a população – cerca de 79 negros e 30 indígenas –, morta ou aprisionada.

Como forma de celebrar e reforçar a profunda importância nacional e internacional desta data, nossa homenagem do mês de julho vai para uma baronesa das Relações Internacionais que representa muito bem as mulheres negras da América Latina e do Caribe em nível mundial. Conheçam mais sobre a trajetória de Michelle Gyles-McDonnough, a jamaicana que está fazendo história na ONU!

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Michelle Gyles-McDonnough nasceu e cresceu na cidade de Kingston, capital da Jamaica. Durante sua juventude, havia a visão de que a advocacia era uma profissão de sucesso entre os jamaicanos, tanto na região do Caribe como na esfera internacional, e, em certa medida, essa ideia influenciou sua formação acadêmica e sua carreira. Formou-se Bacharel em Economia, com ênfase em Francês, pela Bryn Mawr College (EUA), em 1989, e concluiu o Doutorado em Direito, com honras em Direito Internacional e Estrangeiro, na Columbia Law School em 1992. Em seguida, ela começou a trabalhar como assistente jurídica no Harare Legal Projects Center, no Zimbábue.

No período de 1996 a 1999, Michelle trabalhou como Conselheira do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington DC. Ela foi consultora jurídica e representante suplente da Embaixada da Jamaica e Missão Permanente da Jamaica junto à OEA e atuou como advogada especializada em comércio internacional no escritório de advocacia Winthrop Stimson Putnam & Roberts em Nova York. Posteriormente, exerceu o cargo de chefe da Unidade de Recursos Sub-regionais do Caribe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-SURF), em Trinidad e Tobago, até 2004. Nesse mesmo ano, a jamaicana obteve a titulação de Mestre em Administração Pública pela Harvard University (EUA) e foi assistente de ensino nessa instituição, auxiliando no desenvolvimento de cursos de mestrado em governança global e gerenciamento de desenvolvimento em um mundo em transformação.

De volta ao âmbito do PNUD, Gyles-McDonnough atuou como coordenadora do Programa de Recuperação de Granada (2004-2005) – após os furacões que devastaram o país caribenho em 2004 –, conselheira regional na Jamaica por seis meses, em 2005, e assessora de programas do Grupo de Apoio de Operações no Escritório Executivo (2006-2008).

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Michelle no Fórum de Direitos Humanos realizado na Malásia em 2014

Logo depois, Michelle assumiu o posto de Coordenadora Residente da ONU e Representante Residente do PNUD para Barbados e Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECS), funções exercidas até 2013. Durante seu mandato, ela aumentou significativamente a visibilidade dos desafios de desenvolvimento enfrentados pelos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e mobilizou outros parceiros de desenvolvimento a trabalhar com a ONU para apoiar os estados membros de Barbados e da OECS, abordando diversos problemas. Esses incluíram impactos das mudanças climáticas; transição para um futuro com energias sustentáveis; fortalecimento das capacidades para avaliar e gerenciar riscos e impactos de desastres e melhoria da segurança dos cidadãos, bem-estar e oportunidades de vida.

Em julho de 2013, a advogada caribenha passou a ocupar três novas relevantes posições nas Nações Unidas: Coordenadora Residente para a Malásia, Representante Residente do PNUD para a Malásia, Cingapura e Brunei Darussalam e Representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) para a Malásia. Atualmente, ela também atua como vice-diretora adjunta e diretora regional adjunta para a Ásia e o Pacífico.

Na abertura do evento Lean In Summit Malaysia 2015, Michelle compartilhou suas ideias sobre o fosso de desigualdade de gênero e o trabalho que as Nações Unidas estão fazendo para promover os direitos das mulheres. Confiram o vídeo a seguir:

 

Para completar essa admirável trajetória internacional, em outubro de 2016, Michelle Gyles-McDonnough foi nomeada pelo atual Secretário-Geral da ONU, António Guterres, para a função de conselheira principal na equipe de transição que lhe prestou auxílio para assumir a liderança da organização neste ano. A partir disso, ela se tornou a jamaicana com o cargo mais elevado no sistema das Nações Unidas. Que essa seja a primeira de muitas conquistas pioneiras dessa baronesa brilhante e que sua história possa inspirar outras mulheres e meninas caribenhas e latino-americanas a trilharem seus caminhos de sucesso em seus países e também fora deles! 😀

 

Fontes:
www.cultura.gov.br/o-dia-a-dia-da-cultura/-/asset_publisher/waaE236Oves2/content/dia-internacional-da-mulher-negra-latino-americana-e-caribenha/10883
www.uefs.br/modules/noticias/article.php?storyid=1160
www.jamaicaobserver.com/news/Michelle-Gyles-McDonnough-becomes-highest-serving-Jamaican-in-UN-system

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